terça-feira, 26 de novembro de 2013

A canção do diabo

Uma música dissonante
Toca no fundo da sala
Nas faces um semblante
De quem pensa muito
E no entanto se cala

O diabo tem as melhores canções

Todos dançavam
Enquanto ele observava e ria
Luxúria, o mundo aos seus pés
E uma garrafa de gim na mão esquerda
Seu anel de ouro branco
Brilhava mais que o sol
Os dentes pontiagudos de um demônio escondido
Num corpo político
Uma mordida na fruta proibida
E um mundo está perdido

Todos dançavam em êxtase
Enquanto ele os observava
O mundo foi feito pra se governar
E quem não é governado
Conta histórias sobre quem o governa

Benditos sejam
Os poetas

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Flor, flor.

Flor, flor de outono
Que morre mansinha,
Sem ter dono

Fugi da paz

O que todo mundo quer é ganhar
E ganhar é ter paz, é ter felicidade.
    Mas a gente se acostumou com o caos
              Com o contraste

O que a gente tem é cansaço,
Acorda cedo e deita tarde.
    Mas a gente levanta pra trabalhar
              E deita pro intervalo.

O que a gente tem é nosso
E com o tempo expira
    O que a gente tem é nosso
               E se não cuidar vai embora
          Vai embora, monta família e vai trabalhar pro governo também.
Como todo mundo faz. E se aposenta. E passa o resto da vida na frente de uma televisão
Numa paz ilusória que é concedida no final das nossas vidas.

Onde as poltronas e os televisores de plasma estão todos em promoções com 40% de desconto.
Onde a diversão são os reality shows.

É a paz que eu não quero ter.

domingo, 3 de novembro de 2013

Cauterizar


Um tanto aqui pra te acomodar
As flores no jardim
Eu sei é pouco demais
Ter apenas a mim.

Talvez um pouco mais perto
Pra me obedecer
Os desejos que eu mesmo tive que conter

Em quanto tempo a gente fez

Esse castelo outra vez, caiu.
E fez chorar um rio

Que eu tive que conter

O trem das nove

A saudade me vem
Como o trem das nove que eu perdi
Por acaso
Com o atraso da minha cidade velha.

E me lembro dos sorrisos que tirei
Dos amores que roubei
E do que quero de volta
Me lembro dos amigos que deixei
Das loucuras que fizemos juntos
E isso não me conforta.

Preciso voltar ..
Preciso voltar ?
Me pergunto sempre,
Se preciso mesmo ...
Mas a resposta está aqui.
Então eu lembro de todos que eu tenho hoje
De tudo o que eu poderei fazer amanhã
E talvez a resposta seja:
Não, eu não preciso voltar
Eu posso fazer tudo de novo
E vou fazer tudo de novo.

Sem me arrepender,
Ou me prender
Aos meus erros.

Viva, viva com toda a intensidade
Que lhe faltava antes
Viva, por que a eternidade
É uma dádiva a muito privada da nossa existência.

Sorria sempre, Cante e assobie
Faça o que lhe der vontade
Grite, alto pra que todos possam ouvir
Você é o dono do mundo ..
Ou ao menos do seu mundo

E lembre-se sempre:
Você só vive uma vez.
              
               
                   - Fabricio Lopes -