quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Por ventura

Linda noite essa
Como numa peça
De mocinhos e vilões
Onde o mocinho conquista
Aquela princesa mais que bonita
E o vilão, definha até morrer

Linda lembrança essa
essa que eu lhe faço sorrir
Um sorriso tão lindo
Que me faz querer ir
Até não mais, poder vir

Linda tragédia essa
Que me fez ir depressa 
Sem ao menos um adeus

Lindo final esse 
Que me diz o quanto fui mal
E estraguei o final

                - Fabricio Lopes -

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Noites no mar

E eu não vi nada
Nem vejo
É só desejo
Só vontade.

Não sinto as pernas
Me falta o ar
Me falta o mar
Doce e gelado
Sob o salgado luar
As saudades e os vazios
Perdidos aleatoriamente
Enterrados de gente
Apertados na mente

Destruindo minhas noites
Sem ninguém saber

Calado e sofrido
No ardor que é viver 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Caixinhas de paz

E o cigarro me perturba
Mais uma vez, querido amigo
Mais uma vez, na tosse,
Inimigo.

E a cachaça me afoga
Outra vez, doce, e ardente
Outra vez, amarga
Que nem gente.

Gente demais
Pra falar a mais
Pra falar dos mais
E dos males apenas
G-e-n-t-e
Gente que nem sente
Nem sequer entende
O mal de viver no meio
De tanta gente.

Prefiro os cigarros
E a velha cachaça

Pra fugir da desgraça
Que é não ter paz

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Nas gargantas

Uma palavra
Que mudou de repente
No meio da mente
Num passo constante

De seguir adiante
Indo pra trás
Sem ao menos, paz
No que retrata

O tempo cego
Nas coisas que só
Nas coisas apenas

No mar, sossego.
As palavras dão nó
Nas almas pequenas

Os fortes

Sou sagaz
Nas coisas amenas
E por menor que seja
É o que a gente faz

Sou forte
Quando lido com problemas
E por mais ruim que esteja
Rezo por um pouco de sorte

Mas sempre choro
Quando chego em casa
E abro a geladeira

Eu pergunto e imploro
O porque de tanta brasa
E não uma brisa, calmeira

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A flor

E com pouca sensatez
Estupenda seja a flor
De sangue amedrontado
Com dentes amarelados

Rindo do ardor
Das questões inacabadas
Das feições equivocadas
De uma eterna estupidez

Convocada regalia
Pra todos os plebeus
De uma morte, maioria

De um dos filhos seus
De miséria à tirania
Em eterna romaria

As luzes do Norte

Encanto de luzes
Com data marcada
Da mãe do raiar
Dos ventos do norte

Com um pouco de sorte
Se vê brilhar
As cores arcadas
Num céu de verdes

Canções das virgens
Suadas nas guerras
Das almas levadas

O tempo me espera
Dos fogos do norte
Do sol terrestre

sábado, 8 de dezembro de 2012

Em cinco minutos

Eufemismo pra dor
Se faz na madeira
No suar do corpo
De quem os odeia

Eufemismo pra mentira
Se faz a fumaça
Que cobre a desgraça
Da pura verdade

Nas flores das ruas
Nas avenidas dos galhos
Os amores, quebrados
Os horrores passados

Eufemismo que faço
Pra falar do que passo

Não conto a ninguém, mas todo mundo já sabe
Que o tal eufemismo, me faz na vontade
De quem sabe, verdade, ou até na maldade
Do olhar passageiro que me convém
Como Deus alheio no mundo de homens
No mundo de criações, se faz mentira.
Como Deus alheio.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Daqui à sei lá

E daqui à dois anos
Daqui à dois dias
Quem sabe, noites frias
Me aguardam por sob a moita 
Me esperam pra sofrer
Como quem já não sabe ver

E daqui à dois anos
Daqui à dois dias
Quem sabe eu não esteja mais aqui
Talvez eu só esteja. 
E não sei se alguém me procura
Se alguém me fareja
Se alguém liberta, se alguém me cura.

Nego tudo o que sou e as vezes tudo o que tenho
Pouco que seja, fodo os meus olhos, fodo minha vida
Acabo largado no canto da cama, papéis demais,
Anos demais. Dores na carne cicatrizariam mais rápido.

Eis que então me pego sem moedas
Não se pode atravessar.
E ficar aqui parado, não vai trazer você
De nenhum lugar.

E daqui à dois anos, espero não mais estar

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pra toda a vida

Pra se encontrar
Alguém tem que agir
Pra se fazer
Tem que deixar ir

Pra o mundo olhar
Alguém tem que ser,
Outro tem que vir
Pra alguém ir

Pra onde quer que vá
Tem que sorrir
Mesmo não estando lá

Pra onde você for
Leve uma flor
Pro primeiro que vir

Cansaço

Cicatrizamos uma ferida
Arriscando-se todos os dias
Até abrirmos outra
Que seja maior que a antiga

Se não fosse pela preguiça
Eu até iria
Atrás de outra lura
Atrás de toda a cobiça

Se não fosse pelas pernas cansadas
De andar em círculos mal feitos
Feitos nas estradas
Com facas cravadas entre os peitos

Se não fosse pelas dores que sinto
Aqui no que chamam alma
Onde sempre me falta alento
Onde sempre me falta calma

Se não fosse pelas desculpas que acho
Pra fugir do cansaço
Que é amar de novo

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

São

Eu queria ver a minha cidade
Com um pouco de beleza
Que falta na alma do povo
E entristece meus ancestrais

Eu queria ver a minha cidade
Lutando contra os que a trai
Fazendo algo novo
E mostrando um tanto de nobreza

Eu queria ver a minha cidade
Expurgar-se dos ignorantes
Vê-la um pouco mais brilhante

Eu queria ver a minha cidade
Que é "de todos os santos"
Por cima de todos os restos.

                    - Fabricio Lopes -

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O silêncio gritou


Demasiadamente humana
Se fez de mentira
A confiança perdida
Com quem te engana

Demasiadamente perdida
Se fez de choro
Com o que te imploro
Ao som da ferida

Demasiadamente imploro
Mas já me arrependo
Mesmo assim decoro

Demasiadamente arrependo-me
Ainda tremendo
Clamar seu nome

Deuses

Ou só finge
Com intensão

Como quem tudo quer
Porque nada tem

E o ego é tão grande, que faz parecer
Que perto de mim, Deus ele é

E chega a hora do porém
Mas afinal, ele é.
Nego até o fim
Mas ninguém chega ao fim,
Sem um pouco de fé

Todos nós somos deuses
Da nossa própria vida.
Temos poder de tirá-las.

Alguns, muitos.
Tem poder de tirar quantas quiserem.

Mas tempo é o que nos falta
Quanto tempo perdemos tirando vidas
Em meio ao caos que criamos,
Fazendo feridas
E a vida que perdemos sem notar
Passa rápido demais.
Num piscar.

Sou Deus de minha vida, e de quantas eu tirar.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Pés

Sempre tem um escape
Nos pontos em que menos olhamos
É como uma surpresa
Que estava o tempo todo ali 
Esperando pra ser aberta 

A surpresa se faz de massagem
A massagem me faz de besta

Perco a vontade de rimar
E começo apenas a escrever
Sobre as coisas que me vem acontecendo.

Morenas que passam por mim
Olhos bonitos. Cabelos, cheiros
Cheiros esses, que ainda nem senti

Mas me restam esperanças, mais uma. 

Fico pensando onde tudo vai acabar
Se eu deveria começar
Mas acho que já comecei
Nunca se sabe.

Eu nunca sei.

Nos contos sempre dão certo
Mas só escrevo coisas erradas.

Deve ser pra representar a minha vida torta
Onde toda janela, é porta.
Por ausência mesmo.

Por querer, eu só tenho você.
E o resto do mundo.